
de artesanato a plantas medicinais
Entrevista com Abder Paz
1. Fale um pouco sobre você, como descobriu o coletivo e como começou a trabalhar com a comunicação do Mercado Sul Vive?
Meu nome é Abder Paz, sou mímico, ator, ativista, “artevista”, produtor cultural, produtor audiovisual, videomaker. São várias as funções que eu aprendi e venho desenvolvendo ao decorrer da vida e principalmente desde que eu cheguei ao Mercado Sul. Eu estou no projeto há aproximadamente 13 anos e cheguei aqui por meio da pesquisa da cultura popular, da cultura brasileira, das culturas tradicionais.
Foi a partir da minha chegada ao Mercado Sul que eu comecei também a conhecer um pouco do que era a cultura digital, por meio de um programa chamado Cultura Viva que falava sobre Software livre, comunicação comunitária e outros aspectos que eram muito fortes no universo brasileiro e aqui no Mercado Sul (programa que na época estava ligado ao Ministério da Cultura). E a partir desse primeiro contato eu comecei então a entrar no mundo audiovisual, de produção de conteúdo, além do trabalho que eu já desenvolvia como mímico e como ator.
2. Qual foi é a ideia principal quando se fala de uma comunicação realizada pelos participantes do Mercado Sul Vive?
O Mercado Sul tem uma forma de se comunicar muito diferente, principalmente porque a comunicação do Mercado Sul sempre se deu no mesmo território e a partir do contato, da vivência e do corpo a corpo, tirando esse período de Pandemia, claro. O Mercado Sul se difunde a partir daí. Por ser um espaço que, além de ser um ambiente de ofício, de trabalho no dia-a-dia, realiza muitos eventos, muitas atividades, muitos encontros, muitas rodas de conversa, se tornou o lugar onde a gente de melhor forma se comunicou.
3. Existe da equipe de comunicação do coletivo Mercado Sul Vive? E qual seria a estrutura? Quantos participantes, etc.
O Mercado Sul funciona de maneira autônoma e horizontal, são vários fluxos por muitos anos e a cada momento tem pessoas que estão mais próximas e outras que estão mais distantes, mas a organização da comunicação do Mercado Sul é sempre muito orgânica, sempre por demanda e depende muito da disponibilidade das pessoas. Sempre tem pessoa que tem mais situação, adaptação, mais ou menos experiente e isso vai se equilibrando de acordo com a caminhada.
4. Como está a comunicação com a comunidade durante tempos da pandemia?
Sobre comunidade a gente sempre brinca que a comunidade somos nós, a comunidade vulnerável, não na linha geral de vulnerabilidade porque eu não gosto muito dessa palavra, mas que está vulnerável porque é uma comunidade em que boa parte dela é artista. Mas no Mercado Sul tem outros ofícios que não são apenas os ligados necessariamente à cultura, ou como ela é conhecida. O diálogo com a comunidade tem sempre uma linha tênue, claro, porque parte da comunidade, uma parte pequena, ainda é conservadora, ainda tem princípios diferentes talvez dos nossos. Aí os momentos de tensões a gente diminui por meio do diálogo, da conversa, da festa, esse é o nosso caminho.
5. Existe uma estratégia para alcance e diálogo com a comunidade?
A estratégia que nós temos de diálogo com a comunidade é sempre o corpo a corpo, o cuidado, o olhar nos olhos, é ver e se rever. Essa é sempre a nossa estratégia. É de alguma forma trabalhar a comunicação na perspectiva da emancipação dos indivíduos para que eles possam ter condições básicas e acesso.
6. O que deu certo e o que não deu na comunicação entre o coletivo MSV e a comunidade?
O que deu certo é a resistência do Mercado Sul. A comunicação como ferramenta de diálogo. O que deu certo é o avanço nas redes sociais, acho que isso tem sido sempre muito importante, apesar das ressalvas com as redes sociais como Youtube, o Facebook e o Instagram que são redes privadas que têm seus interesses, suas formas e seus algoritmos, inclusive de programação. Apesar disso tudo, a gente conseguiu dar certo e estar crescendo nas redes. O que deu errado é a gente ainda não ter conseguido construír as nossas próprias redes, nossos próprios lugares, nossos próprios caminhos de comunicação de redes sociais.
7. Qual o processo que mobiliza as pessoas que fazem parte do coletivo, mesmo em tempos de pandemia?
Hoje, em meio do período de pandemia, a gente está se reinventando. De alguma forma, o Mercado Sul está produzindo muito conteúdo, muita live, muito documentário, muitos estudos e novas convergências.
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Referências:
MERCADO SUL VIVE (Brasília (Df)). Mercado Sul Vive: O Beco de portas abertas: wiki mercado sul. Wiki Mercado Sul. 2018. Disponível aqui. Acesso em: 05 out. 2020.
RODRIGUES, Rodrigo de Oliveira; SILVA, Cezar Augusto Camilo. A comunicação no “mercado sul vive!”, Taguatinga – DF: observação e análise da estética de comunicação visual local e produção de documentário sobre o movimento de revitalização cultural comunitário. Brasília: Centro Universitário de Brasília (Uniceub), 2018. 38 p. Disponível aqui. Acesso em: 05 out. 2020.
RAMOS, Jade Oliveira. Território e Coletivos Culturais: resistências e esperanças na dinâmica territorial do estudo de caso Mercado Sul em Taguatinga. 2018. 142 f. TCC (Graduação) - Curso de Geografia, Departamento de Geografia, Universidade de Brasília (Unb), Brasília, 2018. Disponível aqui. Acesso em: 05 out. 2020.